quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Responsabilidade imputada

O trânsito que mata. Quando nos daremos conta de que o trânsito que tira as vidas de nossos amigos, familiares, filhos e irmãos, é feito por cada um de nós?Diariamente me chegam noticias de vidas ceifadas sem o menor aviso prévio, pessoas que saíram e que nunca mais retornaram para dizer aquilo que deixaram de falar, sentimentos que para sempre ficarão guardados, palavras que jamais serão pronunciadas, sorrisos que não serão mais vistos, enfim, todos os dias me informo da barbárie que o nosso trânsito é.Ora me vem à mente um texto que dizia mais ou menos assim: “A morte é um absurdo”, será mesmo que o absurdo maior não é a maneira com que as pessoas morrem?
O Artigo 1º do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) imputou a responsabilidade de assegurar um trânsito em condições seguras ao cidadão brasileiro o poder público, através de seus órgãos competentes. Acontece que as vidas continuam a ser ceifadas no trânsito brasileiro, precisando o caso do Estado do Acre , já foram mais de 100 mortes somente este ano. Ocorre que para as autoridades competentes esses números são somente números, essas vidas viram estatísticas e só servem para florescer os discursos políticos. A prova é tanta que o próprio Presidente do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) disse que os recursos das multas de trânsito não são repassados pelo governo, caminhando assim direto para os cofres do governo para aumentar o superavit primário, como se a vida humana fosse menos importante. Falou ainda que as campanhas de educação de trânsito são onerosas e que para se ter uma idéia uma campanha deste porte custa em média 65.000 mil reais. Essas cifras é o montante que o Denatran tem em seu caixa durante todo o ano. Como fazer campanha, educar as pessoas, salvar vidas se o Poder Público não investe em seus órgãos. Essa é a realidade do Trânsito Brasileiro. Nós como sociedade civil organizada temos que cobrar de nossos representantes mais eficiência no gasto do dinheiro público, cobra e exigir que seja investido em locais de extrema necessidade como o trânsito ou então vamos continuar vendo nossos entes queridos morrerem no trânsito.


Charles Batista, Instrutor e Examinador de Trânsito, formação acadêmica em Ciências Contábeis e é presidente do Sindicato dos Instrutores de Trânsito do Acre - Sintac.



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