segunda-feira, 19 de outubro de 2009

mobilidade e a contribuição da psicologia

Assessoria de Imprensa Perkons

Nos próximos dias 22 a 24 de outubro acontece o Seminário Nacional Psicologia e Mobilidade: O espaço público como direito de todos. O evento é promovido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e acontece no auditório do Conselho Regional de Psicologia 06, na Rua Arruda Alvim, 89, em São Paulo, SP. As inscrições custam R$ 50 e não se restringem a psicólogos. Mais informações: mobilidade.pol.org.br.
Na entrevista abaixo concedida a Perkons, a conselheira do CFP, Andréa Nascimento, doutoranda em psicologia e coordenadora da comissão de organização do evento, conta um pouco sobre o seminário e os assuntos que envolvem a temática.

Perkons - Qual o principal objetivo do seminário?
Andréa Nascimento
- Queremos reunir diferentes áreas que estudam, pensam e trabalham com o trânsito em um encontro sobre o que é o trânsito e o transporte no Brasil hoje. Não é um seminário acadêmico com apresentação de trabalhos, painéis e afins. Será um debate. A metodologia consiste em ter diversas áreas dialogando com alguém da psicologia. Teremos a medicina, a engenharia, a educação, enfim, as áreas que também estudam o trânsito. É a academia e a prática, entendendo que isso pode gerar problematizações e demandas de políticas públicas. Por isso teremos pessoas de universidades, pesquisadores e profissionais atuantes na prática.

Perkons - Que temas você acredita que vão gerar mais debate?
AN - Na verdade todos os temas são interessantes. Pensamos de forma multidisciplinar, na complexidade. Tentamos pegar o que mais está em foco hoje e vamos ao final elaborar um documento com um conjunto de propostas ético-políticas para o que pode ser feito hoje para o trânsito. Vamos discutir liberdades individuais, desenvolvimento urbano, espaço público, saúde pública, relações sociais no contexto urbano, educação para o trânsito, entre outros.

Perkons - Como a psicologia pode contribuir para a mobilidade urbana?
AN -
Historicamente a área de psicologia no trânsito esteve muito ligada à avaliação psicólogica. Não queríamos fazer essa ligação e não queremos discutir teste psicológico de Detran nesse espaço. Chamamos diversos psicólogos para discutir outros aspectos ligados à mobilidade. A psicologia contribui a partir do momento que aponta as relações de poder na disputa do espaço público, do carro com os pedestres, o comportamento dos usuários, os acidentes em si, as políticas públicas, entre outros. Trabalhamos as relações conflituosas. É muito mais complexo que restringir tudo a uma questão de comportamento humano. São as relações - espaciais, financeiras, econômicas, sociais - que acontecem no ambiente urbano. É tudo o que envolve a vida na cidade, o impacto disso na subjetividade das pessoas, como elas se constroem individualmente e em grupos.

Perkons - O trânsito é um espaço público, entretanto, muitos agem como se fosse particular. Como mudar isso?
AN - Não há receita pronta. Nosso modelo de vida e de mobilidade leva o carro particular junto. Nele deixo livros, roupas, sapatos, escolho a quem dou carona, coloco som no volume que eu quiser, disputo o espaço público, pois quero fluidez... . Cada vez mais o governo investe nos carros ao invés de investir em outros modais que levariam a uma mudança de comportamento para outras formas de transporte. A redução de IPI, por exemplo, gerou nas pessoas uma demanda por carro novo para quem não tinha e para quem já tinha um novo, que em alguns casos, nem era necessária a troca. Enquanto nosso modelo de mobilidade, de transporte, estiver sobrepujado ao modelo individualista, será muito difícil que o espaço público seja realmente público. No desenho do cartaz de divulgação do seminário o carro existe sim, não o negamos, mas o espaço é um espaço de todos.

Perkons - Como se poderia ampliar a atuação da psicologia para a melhoria do trânsito brasileiro?
AN - Em muitos aspectos, um deles é a questão da educação pra o trânsito. A psicologia também tem um acúmulo de conhecimento sobre ambiente. Estuda, por exemplo, como o ambiente contribui para a relação entre as pessoas. A psicologia pode ainda atuar junto a ONGs, prefeituras, instituições de trânsito e transporte, de desenvolvimento urbano, estar dentro das equipes de saúde trabalhando a questão dos acidentados, do stress pós-traumático, nas equipes de emergências e desastres. São muitas as contribuições... Hoje, muitos lugares têm interesse em engenheiro e arquiteto e a lógica preponderante é o aumento das ruas para os carros. Isso tem um reflexo, isso impacta na vida, na subjetividade das pessoas. Por que não se investe em políticas de melhoria do transporte público? Que mensagem se passa à população quando se cuida mais dos automóveis que da saúde, da educação? A psicologia lança essas questões a todos, esperamos que a resposta venha do coletivo e não somente de uma ou outra área isoladamente.

fonte: www.perkons.com

Nenhum comentário:

Bate Papo - Por um Trânsito Seguro