terça-feira, 6 de abril de 2010

Na direção oposta: 36 milhões de veículos no Brasil

Ao contrário do que já acontece em diversos países, como mostrado na última reportagem desta série, no Brasil, a mobilidade sustentável não inspira a devida atenção por parte de governos e sociedade.
A maior região metropolitana do país, por exemplo, precisou beirar o caos urbano para que fossem tomadas providências, de resultados ainda pouco mensuráveis. Incentivos à carona solidária e à restrição na circulação de veículos são algumas das medidas impostas pelas leis de mudanças climáticas municipal e estadual aprovadas em São Paulo, em junho e novembro do ano passado.
E o exemplo parece não impressionar outras metrópoles que caminham na mesma direção. É o caso de Goiânia (GO), que tem cerca de 1,3 milhão de habitantes, e ultrapassou, em 2009, a marca de 1 milhão de automóveis. ''Do jeito que está, vamos chegar rapidamente à média de um carro por habitante'', alerta Miguel Tiago, presidente da Agência Municipal de Transportes. ''A política de trânsito é ditada pelo carro, e isso tem sido prejudicial'', avalia. Segundo Tiago, a adoção de medidas restritivas não está descartada, mas ele admite que não há programas ou campanhas em andamento.
Na cidade do Rio de Janeiro, a frota chegou a 2,2 milhões de automóveis no ano passado. Com isso, caiu para 1,2 a taxa média de ocupação dos carros, segundo a Secretaria Municipal de Transportes. Mesmo assim, não há incentivo ao transporte compartilhado.
A Prefeitura de Porto Alegre (RS) esboçou uma iniciativa, em 2006, ao incorporar ao seu calendário o dia internacional ''Na cidade sem meu carro'', mas a mobilização ainda é incipiente. ''Com cada pessoa sozinha em seu veículo, não tem como a cidade suportar. Isso tende a aumentar e é uma preocupação nossa'', revela José Nilson Padilha, coordenador de educação para o trânsito da Empresa Pública de Transporte e Circulação.
Exemplo. Enquanto diversas metrópoles se aproximam a passos largos de um colapso no transporte, Criciúma (SC) se prepara para colocar em ação um programa municipal de carona solidária.
Realizado pela prefeitura em parceria com empresas e universidades, o projeto terá início no segundo semestre. ''Procuramos provocar mudanças nas atitudes dos motoristas que se deslocam sozinhos'', afirma o órgão em nota.

Twitter
Interação. Leitores interessados em apoiar a carona solidária podem ler notícias e interagir conosco também por meio do www.twitter.com/Carona_OTempo

Relatório
90% da poluição no país é gerada pelo setor rodoviário
A frota de carros e motos emite 40 vezes mais monóxido de carbono (CO) do que os ônibus no Brasil. É o que mostra estudo referente ao biênio 2008/09, divulgado no último dia 25 pelo Ministério do Meio Ambiente.
Carros e motos emitiram 83% do total de CO gerado pelo transporte rodoviário e os ônibus responderam por 2%. Já o número de usuários de cada uma das modalidades foi equivalente - cerca de 17 bilhões de passageiros.
Segundo o inventário, o setor é o que mais causa impacto no ar. O transporte rodoviário é responsável por 90% das emissões de poluentes e de dióxido de carbono. A liberação do gás causador do efeito estufa cresceu de 60 milhões de toneladas em 1980 para 140 milhões de toneladas em 2008.
Para o então ministro Carlos Minc, os usuários e consumidores têm um papel fundamental. ''Eles podem escolher veículos menos poluentes, utilizar meios alternativos e exigir dos governos um transporte integrado nas grandes cidades'', declarou Minc, que classificou o resultado do relatório como ''chocante''.
Cerca de 36 milhões de veículos compõem a frota brasileira, somando carros, ônibus, caminhões e motos. De 1980 a 2008, a frota de carros aumentou de 7,5 milhões para 21,1 milhões. (CM)

Nenhum comentário:

Bate Papo - Por um Trânsito Seguro