segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Violência no trânsito não é acidente

Assessoria de Imprensa Perkons
O consultor em segurança no trânsito, Fernando Pedrosa, avalia as manifestações que marcaram o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito

Curitiba centralizou neste domingo (15) o Dia Mundial em Memória das Vitimas de Trânsito no país. Milhares de manifestantes se reuniram no Parque Barigui pela paz e segurança no transito, mas, principalmente, para reivindicar o fim da impunidade.
No Rio de Janeiro as manifestações acontecem no Posto Seis do Forte de Copacabana e foi marcada por uma celebração plurirreligiosa.
''O evento foi emblemático. Mostrou como a sociedade mobilizada pode transformar um grande evento de manifestação pública em uma celebração em defesa da vida'', afirma o consultor de segurança no trânsito, Fernando Pedrosa.
O mais importante, para o consultor, é que essas manifestações públicas demonstram que a sociedade está começando a ter consciência de que a violência no trânsito não é acidente. ''É previsível e como tudo o que é previsível pode ser evitado'', diz. Outro ganho é que o cidadão está descobrindo a força da união como ferramenta de cobrança e de participação pelo fim da impunidade no trânsito.
As manifestações foram organizadas pela associação Trânsito Amigo, do Rio de Janeiro, que reúne parentes e amigos de vitimas de trânsito.
Curitiba foi escolhida por ter sido palco do acidente envolvendo o ex-deputado estadual, Fernando Ribas Carli Filho, que matou dois jovens ao dirigir em alta velocidade. Pela gravidade do acidente, ex-deputado foi indiciado por duplo homicídio qualificado com dolo eventual. ''É um fato raro no país e que pode representar uma mudança de paradigma no tratamento das questões que envolvem a violência no trânsito'', diz Pedrosa.
O Dia Mundial em Memória às Vitimas de trânsito foi instituído pela ONU em 2005 e é comemorado todo terceiro domingo de novembro. O objetivo é criar um compromisso formal para definições de políticas públicas e ações efetivas em defesa da segurança no trânsito.
O símbolo da campanha deste ano é o "Laço da Solidariedade no Trânsito", criado e oferecido pela Perkons. Este laço foi transformado em um bóton para ser usado para representar um compromisso com a segurança no trânsito brasileiro e o significado de ''Eu vou fazer a minha parte''.

Confira abaixo entrevista com o consultor em Segurança no Trânsito, Fernando Pedrosa.

Como você avalia o tratamento dado ao tema trânsito hoje em dia: há mais espaço na mídia? O assunto começa a ser tratado como um tema prioritário em relação à definição de políticas publicas para redução de acidentes?
Sem dúvida o tema trânsito tem recebido mais atenção. Não só por parte das autoridades, mas, principalmente, por parte da própria sociedade, que é quem acaba pagando a pesadíssima conta da violência gerada.

Ao que você atribui isso?
Em primeiro lugar ao próprio Código de Trânsito Brasileiro, promulgado em setembro de 1997, que promoveu uma profunda revisão nas normas de circulação, privilegiando a vida acima de tudo. Depois, ao insubstituível papel dos meios de comunicação que passaram a pautar em seus noticiários não só os registros de acidentes, mas a discussão de suas causas. Por fim, a vigência da LEI SECA com seus resultados imediatos e pontuais em termos de redução de registros de ocorrências, mortes e lesões.

Quais os fatores que estão levando a esta mudança?
Não tenho dúvida de que o principal fator é a conscientização. O cidadão descobriu que a solução desse grave problema de saúde pública está rigorosamente em suas mãos. Ele percebeu que o que mata e fere tanta gente no Brasil é algo perfeitamente previsível e, por isso mesmo, evitável. Também descobriu que é possível reverter tanta violência apenas mudando de atitude. Não só a atitude do cidadão negligente ilegal, mas também a atitude da autoridade negligente.

Em sua opinião, o que precisa ser feito para mudar a realidade do trânsito brasileiro?
Compromisso. Falta ao Brasil o que já acontece em muitos países como, por exemplo, a França, Portugal, Japão e EUA.
Precisamos de políticas públicas consistentes, campanhas educativas e de informação pertinentes, regras e normas que acompanhem a evolução do sistema de trânsito, fiscalização permanente e punições justas e céleres.

O que falta ao motorista?
Senso de autopreservação. A convicção de que o trânsito, por ser o maior espaço democrático do mundo, mistura a um mesmo ambiente cidadãos cuidadosos e outros nem tanto. É importante registrar que a esmagadora maioria dos condutores brasileiros é consciente e respeitadora da lei. Apenas 7% dos mais de 45 milhões de motoristas habilitados são infratores contumazes (mais de 5 infrações por ano). O problema é que essa pequena parcela é extremamente agressiva e letal. Para esses, só há uma solução. Fiscalização e punição.

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