Todos os dias, mais de 60 mil motocicletas trafegam pelas ruas do Estado do Acre, abreviam engarrafamentos e cruzam grandes distâncias em um período mais curto de tempo do que os carros. O menor porte, um dos maiores atributos – e atrativos – das motos, melhor para estacionar e etc, tudo isso também tem seu preço: de acordo com pesquisa recente da Clínica de Lesão Medular da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), 43,6% dos acidentes de trânsito em que ocorrem lesão na medula, no Brasil, são decorrentes do uso de motos.
E se depender do crescimento da frota de motocicletas, o número de lesionados deve crescer. Por vários motivos a frota cresce e com ela o aumento de acidentes de trânsito que vem crescendo consideravelmente. Só neste ano já foram registrados mais de 3800 acidentes em todo o Estado do Acre. Além de escoriações pelo corpo, Jair teve fratura exposta em uma das pernas, operou e ainda ficou cinco meses sem trabalhar. “Fiz fisioterapia e colocaram oito pinos em minha perna. Agora estou bem, nem sinto mais nada”. Segundo ele, em muitos acidentes, a culpa é do motociclista. “Tem muitos que são imprudentes. Consigo ver os dois lados da questão porque dirijo carro e moto”, diz Jair.
Dados de 2008 do IPEA. O custo dos acidentes rodoviários no Brasil chega a R$ 22 bilhões por ano, somando gastos médicos, hospitalares, de perda de renda, remoção e recuperação de veículos, administrativos, judiciais e previdenciários.
A mobilidade urbana deve está na agente política do ano de 2011, pois se não houver uma grande discussão sobre o tema corremos os risco de continuar vivenciando as mortes e multilações causadas pelo fenomeno social ocorrido no trânsito. Vem aí a copa de 2014, a olimpíada de 2016, todos grandes eventos de repercussão mundial, que serão realizados no Brasil.
Aqui no Estado do Acre são ônibus sem parada própria e adequada para uma parada. Os ônibus param no meio da rua e atrapalham o trânsito dos demais veículos menores, causando às vezes acidentes quando na ultrapassagem dos ônibus. Não há ciclovia suficiente para a circulação com segurança dos ciclistas. Os ônibus são insuficientes, em alguns bairros o usuário do transporte público (ônibus) demora até 45 minutos para pegar o ônibus.
A diminuição dos acidentes de trânsito vai além de ver os números reduzidos anualmente nas tabelas de estatísticas, faz necessário uma mudança na postura da educação de trânsito, promovendo uma alteração no comportamento dos motoristas visando preservar e respeitar a vida do próximo. Amar o próximo como a sim mesmo, é respeitá-lo da mesma forma como quisera que fosse respeitado.
Charles dos Santos
Presidente do Sindicato dos Instrutores de Trânsito do Acre - SINTAC, escritor colaborador do Projeto Internacional de Educação para o Trânsito com sede no Japão.